quarta-feira, 17 de fevereiro de 2010


Apreciação crítica do livro o caçador de pipas.
Autor: Khaled Hosseini.

A linha histórica de "O Caçador de Pipas" situa-se de 1973 (início da república afegã), passando por 1978, quando da invasão soviética, até 2001, quando se desenrola o trama principal com o personagem Amir. Descreve-nos Eduardo Simões, em artigo assinado na Folha Ilustrada em 03/10/05, que, no Afeganistão, já sob o regime Taleban, Amir quer ajudar o filho de Hassan, com quem tinha uma relação ambígua. Era amigo, mas não deixava de vê-lo como mero empregado, até mesmo quando viu, sem intervir, Hassan ser violentado por garotos que participavam de um dos tradicionais campeonatos de pipas."Ele volta para reparar um erro do passado, resgatar uma criança que nunca conheceu e salvar a si mesmo", diz o autor.
Sou uma leitora bastante seletiva,. Eu sempre atrás de indicações, obras que eu já conheça algo sobre o autor. O Caçador de Pipas?. Eu ri, comentei que era um livro que estava? na moda?,. Gostei do começo, mas nada que me empolgasse muito. Deixei de lado. Os adjetivos que posso utilizar para o que eu li, parecem insuficientes. Fiquei emocionada algumas vezes. Ele conseguiu despertar inúmeros sentimentos em mim. São tantas as questões que ali são tratadas, tantas releituras se fazem possíveis. O autor retrata um Afeganistão diferente daquele dos noticiários, insere-nos descaradamente numa cultura diversa e viva. Terminamos a leitura respeitando essas pessoas, seu modo de vida, as coisas pelas quais tanto acreditam, a forma como lidam com o seu universo. Ainda tenho presente à imagem do pé de amora, dos meninos lendo e rindo lá embaixo como um belo quadro cheio de areia e sol. Já recomendei o livro há muitas pessoas, todas aquelas que me são caras pra que sintam a ternura que senti. Também recomendei a meus amigos psicólogos, afinal, ali se vê um ser humano inteiro, fazendo seu caminho de complicação emocional e o caminho de volta.. Recomendo não assim gratuitamente, mas a quem eu sei que esse livro pode tocar de fato. Recomendo a quem precisa também, pois vejo ali, bem francamente, um relato preciso de como pode alguém se corromper, e como pode alguém ser honesto, puro, simples. Vi ali a simplicidade tão bonita, tão mais viva e serena. A nobreza em tantos atos. Um contraste com esse mundo sujo e desonesto, esse momento tão corruptível que estamos vivendo. Não se trata de moralizar num sentido dogmático, mas de resgatar esses sentimentos esquecidos como fidelidade, força, amizade, sinceridade, e principalmente coragem. Bem, lamento decepcionar quem leu esse resumo esperando encontrar partes da história, e o fiz propositadamente. Podia falar quem foi Amir, quem foi Hassam, mas você leitor, perderia tudo isso que eu encontrei ali no livro, esse encontro maravilhoso com a dignidade humana. Num momento onde as esperanças precisam ser resgatadas, onde é preciso acreditar que se pode ser bom, mesmo no meio de tanta crueldade e vileza, esse livro é um verdadeiro presente. Boa leitura.

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